Projeto cultural, com objetivo de inclusão social e cultural no agreste alagoano.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Ana de Hollanda, futura ministra da Cultura.

A cantora e compositora Ana de Hollanda foi escolhida para ser a nova ministra da Cultura. Ela será a primeira mulher a assumir a chefia do Ministério da Cultura, concretizando o desejo anunciado por Dilma de ter mais mulheres em cargos de chefia na Esplanada.

Ana de Hollanda esteve em uma sala de reuniões do edifício do BNDES para sua primeira coletiva de imprensa após o anúncio oficial feito pela equipe de transição. O encontro aconteceu na manhã desta terça-feira (22), no Rio de Janeiro.

Na conversa, a futura ministra falou de suas prioridades de gestão e se revelou ainda surpresa com o convite que recebeu da presidente eleita. Ana também reconheceu a qualidade da gestão iniciada por Gilberto Gil e continuada por Juca Ferreira, e destacou especialmente o trabalho realizado em regiões do Brasil onde anteriormente o MinC não atuava. Ela também assegurou que pretende dar continuidade a uma série de políticas culturais já implantadas e destacou a importância da criação do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) e da implementação dos Pontos de Cultura como exemplos de ações de fortalecimento da política cultural no Brasil.

“O MinC tem dado prioridade em atender classes desfavorecidas, o que tem proporcionado um grande trabalho de inclusão social. Pretendo aproveitar essas ações e manter a Cultura como fator de inserção social”, disse Ana de Hollanda. “Não quero interromper este trabalho bem feito que tem sido desenvolvido pelo Ministério da Cultura, mas é evidente que cada gestor tem uma visão e vai dar suas prioridades ao que achar necessário”, completou.

Para a futura nova ministra, o centro da cadeia produtiva está na área da criação e destacou que pretende desenvolver um trabalho maior de fomento e difusão dessa área, passando pela música, o cinema, as artes plásticas, o circo, o design, o teatro, a dança, entre outras áreas. Ela também revelou sua preocupação com a diversidade cultural brasileira e pretende trabalhar em parcerias com os diversos setores, focalizando também na integração entre os ministérios.

Quando questionada pelos jornalistas sobre as reformas da Lei dos Direitos Autorais e da Lei Rouanet, Ana de Hollanda afirmou que essas questões continuarão sendo discutidas pelo Ministério da Cultura e acompanhadas por especialistas do setor, que analisarão o que deve ser mantido ou alterado ao longo de sua gestão.

Ana defendeu ainda a inserção da Cultura como fator relevante para elevação do nível social e de conhecimento do brasileiro, e que isso deve ser feito tanto por meio do consumo como da participação criativa. “A cultura é uma necessidade do ser humano prevista na Declaração Universal dos Direitos Humanos, o que naturalmente demonstrará a necessidade de mais verbas para esse setor”, declarou.

Trajetória

A Cultura sempre teve uma presença forte na vida de Ana de Hollanda, que vem participando de discussões do setor há pelo menos 30 anos.

Trabalhou no Centro Cultural São Paulo, da Secretaria Municipal de São Paulo, de 1982 a 1985, e chefiou o setor de música do órgão. Foi também Secretária de Cultura do Município de Osasco, entre 1986 e 1988, e diretora do Centro de Música da Funarte (Fundação Nacional de Artes), entre 2003 e 2007, quando teve a oportunidade de reavivar o Projeto Pixinguinha. Na Funarte, Ana de Hollanda também participou do projeto de criação das Câmaras Setoriais e coordenou a Câmara Setorial de Música.

Nos últimos três anos, ela fez parte da diretoria do Museu da Imagem e do Som (MIS), do Rio de Janeiro

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Memoial Darcy Ribeiro

O ministro da Cultura, Juca Ferreira, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, prestigiaram, nessa segunda-feira (06.12), a cerimônia de inauguração do Memorial Darcy Ribeiro, na Universidade de Brasília (UnB). Também estiveram presentes à solenidade o presidente do Uruguai, Pepe Mujica, o ministro da Educação e da Cultura do Uruguai, Ricardo Ehrlich, o ministro brasileiro da Educação, Fernando Haddad, e o presidente da Fundação Darcy Ribeiro (Fundar), Paulo Ribeiro.

O Memorial é resultado de um convênio entre o Ministério da Cultura (MinC) e a Fundar.

Projetado pelo arquiteto e parceiro de Darcy, João Filgueiras Lima, o Lelé, o espaço conta com salas de aula, biblioteca, espelho d’ água, além de um espaço para descanso e apresentações, apelidado Beijódromo pelo próprio Darcy.

O espaço, que parece um misto de oca indígena com nave espacial, tem uma área de 2 mil m² distribuída em dois andares. A biblioteca tem acervo de mais de 30 mil exemplares do antropólogo, além de documentos pessoais, como cartas trocadas com Oscar Niemeyer e com o filósofo francês Jean-Paul Sartre.

O local também contará exposições de artes brasileiras, que vão desde quadros de Portinari a artefatos indígenas.

Para o ministro da Cultura Juca Ferreira, o antropólogo Darcy Ribeiro foi um brasileiro que contribuiu pela defesa de importantes ideais. “Ele viveu exilado no Uruguai, lutou pela democracia na América Latina, lutou pelos direitos dos indígenas. Agora, toda a obra dele estará disponível aqui, para todos, para os alunos da UnB”. Juca Ferreira ressaltou ainda a importância de Darcy Ribeiro para a UnB. “Nós estamos lembrando a memória de um grande brasileiro. Se quisermos saudar a UnB, temos que saudar Darcy”.

O presidente Lula destacou que Darcy era um homem em permanente momento de exaltação do Brasil. “Havia a ideia de que ia faltar Brasil para tantas ideias de Darcy. Brasil não vai faltar, ele que faz falta”. Para o presidente, a construção é uma forma de exaltar a importância de Darcy. “Creio que a UnB e o Ministério da Cultura encontraram uma maneira muito feliz de manifestar a importância de Darcy para as ciências, para a Universidade e para o Brasil”.

Para o presidente do Uruguai, Pepe Mujica, o antropólogo ainda está vivo. “Todo o homem é um animal social porque precisa do outro, da sociedade. Darcy lutou pela Universidade, pelo mundo universitário, pela democracia. Creio que esses valores ainda estão vivos”. O reitor da UnB, José Geraldo de Souza Júnior, destacou que o Beijódromo é “o último presente de Darcy para a UnB”.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Estantes virtuais

A digitalização de livros aumenta no mundo. No Brasil, as bibliotecas na internet contribuem para a democratização da informação.

O livro ainda não acabou, prateleiras de bibliotecas e livrarias continuam abarrotadas e nem o anúncio do sedutor iPad fez caírem os índices da lista dos mais vendidos do New York Times. Mas há, sim, uma batalha travada silenciosamente na galáxia do livro impresso. Enquanto se discute por aí se e-books vão substituir o papel, uma indústria paralela se prepara para digitalizar a maior quantidade de livros possível e coloca em pauta a mais importante das discussões sobre a ligação entre tecnologia e acesso à informação.

Disponibilizar o conhecimento na web é democratizar a informação, mas como fazê-lo? E nesse campo de batalha há pelo menos dois fronts bem definidos. De um lado está a lógica comercial, que aceita o risco de burlar os Direitos Autorais. Do outro, as instituições apegadas à ética da preservação do objeto e seu autor.

Nos Estados Unidos, a Google passou por cima das leis de direitos autorais e digitalizou 12 milhões de livros. O que não está em domínio público fica indisponível na web, mas permanece integralmente armazenado nos discos rígidos da empresa para futura comercialização. Em Paris, a Biblioteca Nacional da França (BNF) criou o Gallica, sistema que armazena, online, mais de um milhão de livros e documentos. O Brasil ainda engatinha nessa trilha.

O projeto mais expressivo começou a ser realizado na Universidade de São Paulo (USP) no ano passado. A instituição disponibilizou na web 1.200 volumes da coleção de 40 mil títulos doada por José Mindlin em 2006. A biblioteca digital intitulada Brasiliana pode ser consultada por qualquer pessoa com acesso à internet e é um braço de projeto mais amplo que envolve a construção de um prédio para receber o acervo de Mindlin.

O projeto de digitalização conta com financiamento de R$ 1,8 milhão do Ministério da Cultura e da Fapesp. Quase nada se comparado aos 14 milhões de euros anualmente destinados ao projeto da francesa Gallica. Na França, toda compra de equipamentos audiovisuais implica o pagamento de imposto reservado para a digitalização do acervo da BNF.

Para montar a Brasiliana, a USP conta com um scanner robótico único na América Latina. Dotado de braço mecânico, o equipamento tem capacidade para digitalizar 2.400 páginas por hora. “Mas não estamos conseguindo atingir essa meta porque temos livros raros, delicados. Tenho conseguido colocar três livros novos por dia”, conta Pedro Puntoni, diretor da Brasiliana. A intenção é colocar online todo o acervo livre de Direitos Autorais, aqueles livros que já estão em domínio público.

Políticas sólidas

Também em São Paulo, a Mario de Andrade, maior biblioteca pública do país, amarga a falta de políticas sólidas para o livro na era digital. Entre 2000 e 2006, a instituição conseguiu disponibilizar apenas 200 obras raras e quatro mil do acervo de 3,3 milhões de itens. “É pouco. Mas temos projetos para digitalizar livros raros sobre o Brasil, são projetos que mandamos para a Fapesp”, conta a bibliotecária Joana Moreno de Andrade, responsável pela seção de obras raras.

No Rio de Janeiro a situação traz um alento. Desde 2006, a Biblioteca Nacional (BN) tem laboratório próprio e equipe de oito pessoas para digitalização do acervo. O financiamento vem de instituições estrangeiras como a Unesco, a Mellon Foundation e a brasileira Finep. “A digitalização tem dois objetivos: acesso e preservação”, diz Angela Bitencourt, coordenadora da Biblioteca Digital da BN. “Visamos democratizar o acesso à coleção, que representa a memória documental do país. É uma digitalização feita com mais cuidado, a captura tem que ser feita em qualidade alta para que esse arquivo digital possa ser cópia fiel do original.” No site, o usuário tem acesso a 30 mil itens, entre eles cinco mil áudios e oito mil imagens.

Brasília no começo

A Biblioteca Central da Universidade de Brasília (BCE/UnB), a maior da cidade, não tem projetos de digitalização do acervo físico de 500 mil livros. “Digitalizamos apenas as dissertações ainda em formato impresso e a produção dos pesquisadores. Nosso acervo de livros não está digitalizado nem vai estar tão cedo por causa do volume e do custo, que é muito alto”, avisa Sely Costa, diretora da instituição.

A Biblioteca do Senado Federal é a única da cidade engajada em um programa de digitalização. É possível consultar em rede 180 das quatro mil obras raras da instituição. São mapas e relatos dos séculos 18 e 17, documentos históricos como a Nova orbis, que narra a expedição de Joannes de Laet à América e foi publicado em 1633. “Nossa capacidade varia de acordo com a qualidade dos documentos. Obras raras têm que ter manuseio cuidadoso, mas fazemos de seis mil a sete mil páginas por mês e o projeto começou em agosto de 2009″, conta o bibliotecário André Luiz Lopes. Já na Biblioteca Nacional Leonel Brizola, nem mesmo o acesso ao acervo físico está liberado para os usuários.

Curiosidades online

Biblioteca Digital do Senado

Documentos e relatos sobre a expedição Cruls, cartas trocadas entre Dom Pedro I e Dom João VI na época do Brasil Império.

Biblioteca Brasiliana USP

É a única biblioteca pública no Brasil cujo acervo possui cinco livros de Francisca Júlia, poeta paulistana do início do século 20 importante para a história da literatura na cidade. A Brasiliana também colocou online toda a poesia de Vinicius de Morais, depois de um acordo com a família do compositor, que liberou os Direitos Autorais.

Biblioteca Digital da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro

A coleção de mais de duas mil fotografias da imperatriz Maria Thereza Chirstina está disponível no site. Cada imagem vem acompanhada de fichas detalhadas sobre a foto.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Fórum Internacional

Evento em São Paulo discute geopolítica da cultura e da tecnologia

Entre 11 e 13 de novembro, especialistas de vários países se reúnem em São Paulo no Fórum Internacional Geopolítica da Cultura e da Tecnologia. Durante os três dias, será discutido como as novas forças que emergem no mundo e as relações estabelecidas entre elas estão repercutindo no campo da cultura. O encontro, realizado pela Secretaria de Políticas Culturais do Ministério da Cultura (SPC/MinC), terá a participação dos ministros Juca Ferreira e Samuel Pinheiro Guimarães, da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.

Na visão dos curadores do evento, Gilberto Gil e Laymert Garcia dos Santos, está em gestação no Brasil a possibilidade de se efetivar uma estratégia de autonomia relativa, que permitiria não só distanciarmo-nos da eterna subordinação “colonial” e “neocolonial”, como também buscar um caminho próprio, que leve em conta o potencial do país e realize as promessas de futuro.

Pouca gente, porém – afirmam eles – tem abordado os impactos sobre a cultura ou as possibilidades que se abrem para a cultura com a emergência de uma nova geopolítica “pós-crise”. “É como se os intelectuais brasileiros ainda não estivessem antenados com a condição inédita, nem acordado para a urgência de um debate em torno dessa questão. A relação entre geopolítica e cultura, o sentido geopolítico da cultura, é central para a construção de uma estratégia consistente”, dizem Gil e Garcia dos Santos.

Para o ministro Juca Ferreira, o momento atual é excelente para se discutir as relações, atritos e oportunidades entre geopolítica e cultura. “Se o Brasil emergiu como grande player cultural no mundo graças ao reconhecimento e estímulo de sua diversidade realizados pelo governo Lula, a condição de protagonista ganha aceleração extra com o empoderamento econômico do país no cenário internacional”, afirma. Segundo Ferreira, esta nova relação de forças se vitaliza com o fato de que, no Brasil, as políticas públicas puxaram a cultura para o centro da vida brasileira. “E nem podia ser de outra forma: cultura é motor, não acessório do desenvolvimento”, complementa.

Programação
A abertura do fórum, que contará com a participação de Juca Ferreira, Samuel Pinheiro Guimarães e Gilberto Gil, está marcada para as 18h na Cinemateca Brasileira. As atividades dos dias 12 e 13 seguem pela manhã e à tarde.

Entre os nomes de destaque, entre os palestrantes, estão o ministro da Cultura do Paraguai, Ticio Escobar; o professor da Université Paris 7 François Jullien; Konstantinos Karachalios do European Patent Office; o professor de Filosofia da Université Paris 1 David Lapoujade; o antropólogo brasileiro Eduardo Viveiros de Castro e o economista Ladislau Dowbor.

Haverá tradução simultânea de todas as apresentações. Para participar não é necessário fazer inscrição. Os temas e os palestrantes podem ser vistos aqui: http://www.geopoliticadacultura.org.br.

O Fórum Internacional Geopolítica da Cultura e da Tecnologia será realizado na Cinemateca Brasileira entre 11 e 13 de novembro. A abertura, às 18h, terá a presença dos ministros Juca Ferreira, da Cultura, e Samuel Pinheiro Guimarães, da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.

A participação é aberta e não é necessário fazer inscrição. Haverá tradução simultânea de todas as palestras. Veja programação completa aqui: http://www.geopoliticadacultura.org.br.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Especialistas criticam analfabetismo literário no Brasil

A falta do hábito da leitura em todos os níveis da educação brasileira, do ensino básico ao superior, foi o ponto de discussão de especialistas no III Congresso Latino-Americano de Compreensão Leitora (Comlei), nesta quarta-feira, 13 de outubro. O encontro, organizado pelo Departamento de Teoria Literária e Literaturas da Universidade de Brasília, segue até sexta-feira, 15, com programação na sede da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), localizada no campus Darcy Ribeiro da UnB. O escritor carioca Gabriel Perissé afirma que a cultura do analfabetismo literário, embora ainda muito forte no país, pode e deve ser mudada por meio da criatividade de professores em sala de aula. “Professores leitores podem estimular alunos criativos que no futuro constituirão famílias leitoras criativas e assim por diante”, conta o autor do livro Ler, Pensar e Escrever (1996).

Para ilustrar o poder transformador da literatura, Perissé contou uma experiência de infância. Aos nove anos, ele foi reprimido por uma professora ao escrever o plural de irmã como “irmães”. O garoto cresceu traumatizado com a grosseria da mulher. Aos 19, no entanto, Perissé leu um trecho do livro Grande Sertão – Veredas, de Guimarães Rosa, onde o autor escrevia “Enfim, cada um o que quer aprova, o senhor sabe: pão ou pães, questão de opiniães” e decidiu escrever seu primeiro ensaio literário. Hoje, aos 48 anos, tem 18 livros publicados.

A palestra de Perissé estimulou a piauiense Conceição Soares, 31 anos, a publicar o livro Cecita Concita, resultado da experiência que adquiriu em seis anos como educadora. Ela conta que a primeira versão da publicação já está pronta, mas, por se tratar de um material direcionado às crianças de zero a seis anos, não encontrou apoio para concretizar o projeto. “Aqui achei motivação para dar continuidade. O primeiro contato da criança com o livro é importante e deve acontecer ainda na primeira infância”, defende.

Histórias – A cearense Magnólia Araújo Santos, 36 anos, defendeu a contação de histórias como uma forma de incentivar o hábito da leitura em crianças e adolescentes. Coordenadora do projeto Protagonistas da História, ela conta com o apoio de alunos do ensino médio para visitar turmas do ensino fundamental. “O ato de contar histórias pode ser mais que uma leitura, pode ser a emoção do aprender a compartilhar”, afirma. “Não quero ser uma professora comum, quero que minha prática seja significativa”, completa.

Isolados – A falta do hábito da leitura também faz parte do cotidiano de universitários e pós-graduandos. É o que afirma a professora Graça Paulino, da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Segundo ela, a medida que a pessoa se especializa o repertório literário empobrece. “A literatura especializada afasta os intelectuais da realidade brasileira”, afirma.

“Ter olhos apenas para a literatura especializada é como se fechar para a vida social e ignorar aspectos importantes da vida das pessoas”.

Organizadora do encontro, a professora Hilda Lontra, do Departamento de Teoria Literária e Literaturas da UnB, ressalta que as abordagens dos colegas traduzem a importância do congresso. “Nosso objetivo é solidificar entre educadores de todos os níveis a importância da formação leitora”, esclarece. De acordo com ela, após o encerramento do congresso, as discussões e os debates do encontro serão disponibilizados no site do evento. “O site será um canal aberto de comunicação entre os professores e o Ministério da Cultura para o engrandecimento da cultura literária brasileira”, observa.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Novos Rumos

Representantes do MinC reúnem-se com gestores culturais de São Paulo

Gestores culturais das mais diversas e importantes instituições culturais paulistas estão reunidos com representantes do Ministério da Cultura, nesta quinta-feira, 19 de agosto, no auditório do Museu de Arte de São Paulo (MASP), para trocar opiniões, debater ações e discutir os novos rumos da gestão cultural brasileira. O encontro, que começou logo pela manhã, se estenderá ao longo do dia.

O curador e coordenador geral do MASP, Teixeira Coelho, abriu a conversa e trouxe diversas provocações. Segundo ele, a Cultura pode ser vista como um aplicativo, no mesmo sentido com que a palavra é usada na tecnologia. “Ela vai além da criação e pode ser um aplicativo para a Educação e a Saúde, por exemplo. A transversalidade da Cultura é uma questão do século 21″, disse. O coordenador do MASP questionou, inclusive, se apenas o MinC deveria ter o papel de financiador da Cultura. “Por que o Ministério do Trabalho, das Cidades ou da Saúde também não pagam por ela?”

Em seguida, o secretário executivo do MinC, Alfredo Manevy, destacou a Cultura em sua dimensão política e social, enfatizando a ansiedade da sociedade por um maior consumo cultural, especialmente por aquela camada que obteve ascensão econômica. “As pessoas não sentem a consolidação dessa conquista enquanto não têm acesso à Cultura, mesmo que seja por meio do entretenimento”.

Para Manevy, a política adotada pelo MinC chegou a um limite a partir do qual é necessário um planejamento estratégico para que suas ações sejam efetivamente aproveitadas pela população. “Para isso, precisamos definir qual será o papel de cada um de nós dentro deste contexto”, disse aos gestores presentes.

O encontro ainda contou com a presença e a experiência de participantes internacionais, como Antonio Rodriguez, que trabalha nos Estados Unidos, e é especialista em alianças estratégicas e no mercado da América Latina, e o professor da Universidade de Sorbonne, Xavier Greffe.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Uma Bela Iniciativa

O Olhar Brasil tem como missão apoiar a produção audiovisual independente, favorecendo a formação e o aprimoramento de técnicos e realizadores. Também visa formar e consolidar parcerias para o desenvolvimento da atividade audiovisual nas diversas regiões do país, através do funcionamento dos NPDs, Núcleos de Produção Digital.

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Histórico

No ano de 2005 a Secretaria do Audiovisual, Ministério da Cultura lançou o edital Olhar Brasil. Em 2006, os convênios foram firmados, com repasses de recursos para a efetivação das ações de formação em cada NPD, e a cessão de equipamentos, uma plataforma de alta definição para captação e edição de imagens e sons.

Atualmente, os NPDs estão implantados em diversos Estados. A Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura tem a perspectiva do programa se fazer presente em todas as Unidades Federativas até final de 2010.

Resultados

Há níveis distintos de impacto da ação dos NPDs em cada estado. Enquanto há lugares em que o Núcleo configura-se como mais uma ação de apoio e fomento à produção audiovisual, em outros estados, o NPD é a primeira intervenção pública planejada para o setor.

Os resultados são a execução de diversos cursos e oficinas; vídeos produzidos com o apoio direto e/ou através da cessão de equipamentos. Em cada lugar, os NPDs concorrem para o surgimento de novos talentos, com mais e melhores produtos audiovisuais.

Os avanços também podem ser percebidos na medida em que as comissões Gestoras em cada NPD estão unidas em torno de uma intervenção planejada para o setor audiovisual local. O Olhar Brasil assinala um novo momento no fomento à produção audiovisual pelas parcerias que se estabelecem entre governos, TVs públicas, produção independente e instituições sociais, numa convergência de esforços para o desenvolvimento do audiovisual, nas diversas regiões do país.


sexta-feira, 28 de maio de 2010

Políticas Públicas

Num país com a extraordinária diversidade cultural do Brasil, as forças políticas comprometidas a elaborar um Programa de Políticas Públicas de Cultura sem auscultar de perto as diferentes expressões culturais de cada região do país. Quem lida com cultura, lida com o universo simbólico, com o imaginário, com os valores cultivados pelo nosso povo.

A memória, o patrimônio material e imaterial que lhe dá fisionomia, que a perpetua e alimenta a criação de novas representações no artesanato, na música, na literatura, nas artes plásticas, na dança, no teatro, na arquitetura, no audiovisual, lida, em uma palavra com a alma do povo. É possível dizer que se o desenvolvimento econômico expresso o bem-estar material de uma nação, é o desenvolvimento cultural que define a sua qualidade.

Está expresso nesse texto o compromisso com Políticas Públicas de Cultura entendidas como um direito básico do cidadão. Como um direito republicano tão importante como o direito ao voto, à moradia digna, à saúde, à educação, à aposentadoria. A transmissão dos seus valores ensinados e aprendidos ao longo da história.

Conjugar as Políticas Públicas de Cultura com as demais políticas de governo e redefini-las, em sintonia, de forma que venham a cumprir o papel de recuperar a auto-estima do nosso povo, contribuir para a inclusão social, romper com o apartheid cultural vigente e afirmar a nossa imagem diante das demais culturas do mundo é a tarefa que a sociedade brasileira exige do novo governo.

A valorização da cultura nacional é um elemento fundamental no resgate da identidade do país. É preciso, pois, abrir espaço para a expressão de nossas peculiaridades culturais (inclusive de corte regional), sem que isso se confunda com um nacionalismo estreito, mas sim articulado e aberto às culturas de todo o mundo. Trata-se, na linha de nossa melhor tradição cultural, de resgatar os traços peculiares de nossa identidade em formas de expressão de cunho universal, isto é, em diálogo aberto com todo mundo. É essencial, nessas condições, realizar um amplo processo de inclusão cultural, garantindo, de forma progressiva, o acesso de toda a cidadania à produção e fruição cultural, bem como a livre circulação de idéias e de formas de expressão artística.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Cultura

Assim, quando uma sociedade se comprometer com a valorização de sua cultura e identidade, passando a reconhecer sua história coletiva como instrumento para o enfrentamento dos problemas compartilhados socialmente, a cultura será peça chave para se buscar alternativas que promovam o desenvolvimento local.

Cultura e desenvolvimento Como relembra Arocena, em seu livro El desarrollo local: un desafio contemporáneo, as diferenças de idade, etnia, nacionalidade ou religião devem ser consideradas quando se trata do desenvolvimento humano.

O conjunto da sociedade - representada por agentes governamentais e não-governamentais, agências de fomento e órgãos internacionais, entre outros - está se tornando mais consciente das diversidades sócio-culturais e da existência de uma sociedade mais complexa e multicultural.

A cultura prepara melhor o cidadão e, ao fazer isso, está colaborando, evidentemente, para preparar o indivíduo para ele ter melhores condições de vida, em qualquer circunstância. Tudo que se faz hoje para promover o conhecimento tem reflexos imediatos na possibilidade de melhorar as condições de vida. É um instrumento do cidadão. Um homem, para uso pleno da cidadania, precisa de tecnologias elementares, a inclusão digital, por exemplo.

A primeira coisa é a transferência do conhecimento em si. Você precisa dar a todos o mínimo de conhecimento, porque isso possibilita um melhor entendimento do mundo em que o indivíduo vive. Dar a possibilidade de o indivíduo fazer escolhas, porque muitas vezes o indivíduo não muda de vida por não ter conhecimento, ele ignora as coisas. Então, à medida que você dispõe de conhecimento, possibilita que ele tenha acesso a novas visões, novas coisas, novos ambientes.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Aos interessados no Projeto

Em virtude da grande dificuldade para captar, solicito as pessoas ou empresas que tenham interesse em patrocinar o projeto que siga as seguintes instruções:

- Ir ao site do Ministério da Cultura que é: www.cultura.gov.br
- Clicar no ícone Projetos Culturais e clicar em Pesquisar
- Aparecerá um espaço para informar o nr do pronac do projeto que é: 090695
- Aparecerá a página com todas as informações do projeto, inclusive nr da conta bloqueada para ser feito as doações.

Solicito aos incentivadores que enviem e-mail informando o deposito e solicitando o recibo de mecenato com os dados para preenchimentos.

Qualquer quantia poderá ser depositada, porém o projeto deve ter 20% captados para iniciar a execução.

E-mail: fleonardocosta@yahoo.com.br

Agradeço antecipadamente.

Os 15 Proponentes que mais Captaram em 2009

Duas observações chamam especial atenção na relação dos 15 proponentes que mais captaram recursos da Lei Rouanet em 2009. A primeira é de que cinco deles são organizações que representam instituições públicas, como a Funarte, a Pinacoteca e o Teatro Municipal do Rio de Janeiro. A segunda é que seis dos proponentes captaram para projetos ligados à música instrumental ou erudita, demonstrando que, ao menos do ponto de vista dos patrocínios empresariais, essa área não tem pouca expressividade.

A Funarte, quinto lugar da relação, além de ser grande captadora, é também um dos órgãos ligados ao MinC que analisa projetos inscritos na Lei Rouanet. Questionável ou não?

Veja a relação, levantada pela seção de estatísticas da Lei Rouanet no site do MinC:

  1. Associação de Amigos do Teatro Municipal do Rio de Janeiro – R$32.830.770,04
  2. Instituto Itaú Cultural – R$30.660.000,00
  3. Fundação Orquestra Sinfônica Brasileira – R$16.484.085,01
  4. H Melillo Comunicação e Marketing Ltda – R$15.383.412,65
  5. Associação Cultural da Funarte – R$11.682.904,13
  6. Fundação Bienal de São Paulo – R$10.296.401,44
  7. Associação Orquestra Pró Música do Rio de Janeiro – R$9.787.480,00
  8. Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) – R$9.734.625,00
  9. Associação Sociedade de Cultura Artística – R$9.553.638,08
  10. Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) – R$9.287.613,00
  11. Dançar Marketing Comunicações Ltda – R$8.616.215,00
  12. Divina Comédia Produções Artísticas Ltda. – R$8.105.000,00
  13. Fundação Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo – R$7.644.101,56
  14. Fundação Padre Anchieta Centro Paulista de Rádio e TV Educativas – R$6.962.954,88
  15. Associação dos Amigos da Pinacoteca do Estado – R$6.404.111,13

Nós, pequenos proponentes, tentamos reverter essa situação, porém não temos nomes tão prestigiados quanto aos citados acima.

Fonte: Cultura em Pauta

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Alteração na Lei, Patrocínio e Esperança

Alteração na Lei

Ao contrário do que pensam alguns produtores, acho que não corremos grandes riscos de dirigismo cultural. Na linha de raciocínio do próprio Ministro, esse dirigismo já ocorre, de certa forma, pelo próprio mercado e pela renúncia fiscal, ficando praticamente 90% do financiamento cultural nas mãos dos departamentos de marketing das empresas.

O fortalecimento do FNC vem na direção oposta, para acabar ou minimizar este dirigismo cultural, através de editais e comissões paritárias com a classe artística e a sociedade. Por mais que esse mecanismo tenha lá os seus defeitos, não vejo, a princípio, outra solução mais adequada e democrática.

A busca de patrocínio

É um calvário, disso ninguém tem dúvida. Quando formatei e elaborei meu projeto, tive a nítida impressão que conseguiria patrocínio, tendo em vista a natureza do projeto, que traria aos seus participantes um resultado de inclusão cultural, formação de novas platéias, geração de multiplicadores e, por fim, resultando plenamente na inclusão de uma população que não tem acesso a nada, vivendo à margem e esquecidos (região do agreste e sertão nordestino), projeto este aprovado no Art. 18 segmento de Artes Integradas.

Encaminhei diversas solicitações de patrocínio (evidentemente, estudei os perfis das empresas verso meu projeto, verificando a grande possibilidade na aprovação do pedido), fiz apresentações em Powerpoint, plano de marketing condizente com a empresa e assim por diante, imaginando que seriam informações necessárias para quem estivesse analisando, pudesse visualizar corretamente o projeto.

As negativas são educadas, entretanto um tanto desalinhadas com o aquilo que é publicado em seus sites, pois normalmente elas afirmam que "são empresas que buscam o novo, buscam interagir com o universo da cultural em seus diversos segmentos, etc.".

Na prática...

Empresas patrocinam, pessoas ou grupos que já têm seu merecido reconhecimento no cenário cultural brasileiro. Pergunto: o público é realmente carente? É um público sem acesso à cultura? É um público sem oportundades?

Meu projeto tem a verdadeira intenção de incluir, interagir, dar a oportunidade a essas pessoas para que possam ir a museus, concertos musicais, teatro, dança, exposições de artes, conhecer cidades históricas, enfim, ter a oportunidade de mudar suas perspectivas e, quem sabe, mudar suas vidas.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Mudanças na Lei Rouanet

Sobre as mudanças na Lei Rouanet

Quando a Lei foi criada, no início dos anos 90, seu desempenho era tão baixo que não se conseguia reunir poucas pessoas pra discuti-la. Em meados da década de 90, diversos atrativos impulsionaram seu funcionamento. Seminários, cartilhas, estudos da economia da cultura que, aos poucos, foram mostrando ao empresariado que, além do incentivo em si, a cultura agrega valor à marca da empresa. O cenário foi mudando lentamente.

Na ocasião, apenas o cinema detinha o incentivo de 100% pela Lei do Audiovisual e batia o recorde de captação. Nada contra o cinema, grifo esta observação. Recupero este dado, apenas, para comprovar que a lógica do empresariado brasileiro e da pequena parcela participante, ainda, do sistema opta por projetos que ofereçam o maior percentual de incentivo possível.

Em abril de 1996, vivíamos mais um dos vários períodos de crise do teatro brasileiro. Um Grupo de Trabalho, coordenado e liderado por respeitados nomes como Alcione Araújo, Nitis Jacón, Ângela Leal, J. D’Ângelo, Paulo Pederneiras, João Bethencourt, Aldo Leite e por outras pessoas do meio, mobilizou-se para propor medidas ao Ministério. Este grupo trabalhou mais de um ano ouvindo muita gente, andou por vários pontos do país, foi ao Congresso, convidou técnicos da área do Planejamento e da Fazenda, encontrou-se com o Presidente da República e acabou, dentre outras medidas, conquistando para o teatro, para a dança, para as artes cênicas, enfim, o incentivo de 100%, na Lei Rouanet. Outras áreas também consideradas estratégicas, na época, foram beneficiadas.

Assim que passou a vigorar a medida, do incentivo de 100% na Lei Rouanet para as artes cênicas, a captação de recursos dessas áreas aumentou consideravelmente ultrapassando, inclusive, os índices do cinema. As estatísticas do período comprovam isto.

Não adianta, entretanto, ficarmos discutindo apenas um pedaço da questão nem querendo que este mecanismo resolva todos os problemas da cultura do país. O mecenato é – ou deveria ser – um coadjuvante no conjunto de políticas públicas para a área da cultura. Se ele rouba a cena e aparece sozinho como o vilão da história é porque os outros papéis das políticas estão tímidos. As distorções que aparecem são decorrentes da economia do país. Cabe sim ao Ministério equilibrar seus reflexos com políticas sem misturar os papéis dos diversos mecanismos e sem querer utilizar-se do mecenato para solucionar sua dificuldade orçamentária. Aqui está o nó da questão: o orçamento do Ministério. Hoje, o ambiente político e econômico é bem mais favorável para desatarmos este nó.

Quanto às mudanças apresentadas, se a proposta é de escalonamento do percentual por critérios outros que não sejam de “áreas artísticas” que todas elas se submetam a isto. Caso contrário, retrocedemos ao cenário de dez anos atrás. E, passando a proposta de escalonamento do percentual de incentivo, o poder de arbítrio não pode nunca ser atribuído à CNIC, tenha ela qualquer composição. Os critérios na definição do percentual de incentivo, que serão determinantes do potencial de captação dos projetos têm que estar escritos na Lei. É isto ou aquilo.

O Ministério necessita dispor de um Fundo que tenha condições orçamentárias de apoiar projetos de todas as manifestações artísticas e de todas as regiões do país, sobretudo aquelas que não conseguem captar através do mecenato. Ninguém tem dúvida disso. Mas não colocando o Fundo, junto com a iniciativa privada, disputando o bolo da renúncia fiscal.

A Lei Rouanet necessita de alguns ajustes na sua operacionalização. À medida que vai funcionando e mostrando resultados mostram também – como tudo na vida – necessidades de adequação aos novos tempos. Mas, mudanças cautelosas que signifiquem avanços e não um retrocesso.

Uma mudança que deve ser implantada é quanto ao aumento do percentual de abatimento do imposto de renda a pagar. Empresas menores, estas sim, poderão participar de um número maior de projetos em diferentes pontos do país. E muito mais empresas virão alimentar o sistema como um todo.

Com confiança e na torcida a favor do fortalecimento do Ministério da Cultura sinto-me na obrigação de levantar estas reflexões baseadas numa experiência dedicada à área da cultura.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Prorrogação de Captação Diário Oficial Projeto Aplauso no Agreste

Nº 4, quinta-feira, 7 de janeiro de 2010 1 ISSN 1677-7042 49

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09 0695 - Aplausos no Agreste - Edição 2009
Fábio Elias Leonardo da Costa
SP - São Paulo
Período de captação: 01/01/2010 a 31/12/2010