Projeto cultural, com objetivo de inclusão social e cultural no agreste alagoano.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

 Profissionalização do mercado cultural passa pela aplicação da Ciência da Administração

O Brasil possui uma diversidade cultural como poucos no Mundo. Essa riqueza cultural reconhecida internacionalmente pode e deve ser uma das forças motrizes da economia nacional, impulsionando o turismo e outros setores da economia, fortalecendo a integração nacional, sobretudo em tempos de globalização, e servindo a infindáveis propósitos de apreensão do conhecimento e não apenas à indústria do entretenimento, que, aliás, em uma sociedade que nos exige ao limite, diuturnamente, é mais que necessário, é imprescindível ao equilíbrio psicossomático do indivíduo e por conseqüências muito benéficas, o psicossocial da nação.
Os mecanismos de incentivo a cultura ainda hoje, apesar da incontestável evolução, precisam ser aperfeiçoados para fazer frente às necessidades e exigências do público, renovando-o por meio da adequação dos regulamentos ao perfil da nova clientela, possibilitando o financiamento à pesquisa cultural e histórica no país, visando melhorar e diversificar os projetos no setor. Além do efetivo cumprimento aos princípios constitucional-administrativos (art. 37, da CF) nos processos licitatórios e criando estratégias de enfrentamento à concorrência dos demais produtos e serviços do mercado cultural e do entretenimento nacional, visando manter e expandir o setor.
Na esteira das mudanças sócio-econômicas e suas intermináveis discussões sobre o papel e as responsabilidades dos seus diversos atores, o mercado cultural brasileiro, sobretudo, o cinematográfico e o televisivo, vêm passando por uma aceitação no mercado internacional nunca antes experimentado. Contudo, para aproximarem-se dos números das grandes produtoras do mercado global é vital que as mais variadas manifestações culturais que o País possui estejam representadas em tais obras, o que talvez demore algumas décadas para ocorrer, para agravar ainda mais a situação, parte significativa da população brasileira, nunca foi ao cinema, ou talvez tenha ido menos de uma dezena de vezes em toda sua vida. Se falarmos de outras produções culturais como: o teatro, a literatura, a música erudita, as artes plásticas ou a dança clássica, por exemplo, os números são ainda mais cruéis e impressionantes. Não é raro encontrarmos em universidades espalhadas pelo Brasil graduandos que nunca foram assistir a uma peça teatral. Realidade inaceitável para um País que almeja ser reconhecido como grande nação desenvolvida e deseja ser "ouvido" em questões globais.
O mercado cultural e de entretenimento no Brasil, como em qualquer parte do mundo vem sofrendo profundas alterações, em função das restrições impostas pelas sociedades em um processo natural de mudança evolutiva, como, a proibição do uso de animais nos espetáculos circenses em diversos municípios brasileiros, exigem da equipe de produção artística níveis crescentes de criatividade em um cenário cada dia mais densamente ocupado, disputando o minguado recurso disponível para o setor. E, elevando ainda mais o nível de confusão, no setor em seus diversos níveis: pesquisa, elaboração, planejamento, pré-produção, produção, promoção, divulgação, execução e avaliação de alcance ou contrapartida, pós-produção, demandam uma complexidade de elaboração e execução crescentes, com gestão de equipes multidisciplinares compostos por: atores, diretores, produtores, técnicos áudio e vídeo, costureiras, fotógrafos, engenheiros, filósofos, historiadores, antropólogos, sociólogos, artistas plásticos, figurinistas, contadores, assessores de imprensa, designers, captadores de recursos, marceneiros, enfim, uma infinidade de profissionais que trabalham diretamente no cerne do projeto, no intuito de possibilitar a exibição dos espetáculos, além, dos que trabalham indiretamente ou contribuem informalmente para o sucesso do mesmo.
Uma atividade que reúne tão diversificada gama de profissionais e que serve da arte-educação ao entretenimento, passando pelo desenvolvimento interpessoal e melhor expressão oral e corporal de diversos profissionais em todas as áreas do conhecimento. Movimenta e incentiva ainda a economia local, na exibição dos espetáculos nacional ou internacionalmente, na produção dos projetos, exigindo ainda um mínimo de infraestrutura para sua exibição como: acomodação e locomoção do público, com transportes de massa de qualidade e/ou espaços seguros para estacionamento de veículos.
Em países sub-administrados como o Brasil, é "natural" que existam estruturas pesadas e extremamente burocráticas, inclusive e, sobretudo, organizando o setor cultural, que funciona em sua quase totalidade por projetos formatados para concorrer a esse ou aquele edital publicado, cada idéia implementada, deve ser estruturada, conforme os requisitos exigidos pela legislação pertinente e submetido ao crivo daquela comissão gestora do edital, ou da instituição executiva responsável pelo fiel cumprimento do incentivo governamental que será concedido, caso a caso, o mais detalhado possível, tanto na elaboração quanto e, sobretudo na execução e posterior prestação de contas, exigindo dos proponentes - nessa verdadeira babel - competências e habilidades, de um eficientíssimo gestor.
Ora, sendo o setor conhecido universal e inexoravelmente, como uma conjunção de agentes públicos e privados entorno de um determinado projeto, que demanda atividades com equipes multidisciplinares, tempos exíguos para sua elaboração e execução, poucos recursos, maior abrangência possível de público e políticas governamentais que exigem a inclusão sócio-cultural de comunidades marginalizadas, guarda de documentos por décadas, prestações de contas intermináveis e conhecimentos de leis tributárias, direitos autorais (lei n.º 9.610, de 19 de fevereiro de 1998) e das licitações (lei n.º 8.666, de 21 de junho de 1993), além de demais regulamentos, normas, portarias, enfim, um mundo de conhecimentos diversos, e mais, precisa enfrentar grandes e variadas restrições que se iniciam na fase de elaboração do projeto e perduram além da sua conclusão. Situações como estas requerem, exigem indubitavelmente a inserção de um profissional articulador, por formação, com visão sistêmica e por conseqüência catalisadora, fornecendo as argumentações necessárias, enfrentando as restrições envolvidas visando alcançar a máxima efetividade no planejamento e execução dos projetos culturais e seus desdobramentos na economia local haja vista ser essa uma atividade empregadora intensiva de mão-de-obra na área da economia limpa, geradora de divisas no setor de turismo regional, nacional e internacional.
Setores do mercado cultural como o teatro, a música erudita, a literatura, as artes plásticas, a dança clássica, necessitam de ações, políticas mesmo de formação de público, seja levando os espetáculos às praças, escolas, parques, faculdades; seja inserindo-se em outros meios de expressão artística e até em mídia televisiva fragmentos ou abordagem de temas direcionados, visando provocar o público. Aliás, há atualmente uma intensa discussão no meio cultural a respeito da "industrialização" da cultura e a descaracterização de movimentos culturais locais, alguns, já desapareceram, outros agonizam e para preservar o que o país ainda possui de raízes, o que é muito e diversificado. Sem sombra de dúvidas que a solução passa pela profissionalização do setor, ou de alguns setores da cultura e do entretenimento, despertando o interesse da comunidade local por sua história, intensificando o intercâmbio regional e internacional para semear um futuro onde as pessoas além de orgulharem-se de suas raízes possam vivenciá-las, trabalharem e viverem dignamente.